Mercília Rodrigues

 

 

  

Nasci, cresci numa cidadezinha do interior de S.Paulo, onde nas floradas dos cafezais a natureza se vestia de branco e as crianças corriam livres pelas ruas de chão batido . Adolescente minha família veio para Araçatuba e aqui finquei raízes . Casei-me e descasei-me . Nasceram-me os dois filhos : Regina( dentista ) e José Geraldo ( o poeta de sonhos largos ). Lecionei durante um longo tempo e agora dirijo um trabalho com menores carentes através de oficina de trabalho (iniciação profissional ) a quem sou grata, pois com eles e por eles exercito a caridade . Escrevo poesias ? Ensaios !
Há neste universo virtual um mundo que se sudivide em grandezas do poetar . Há estrelas ! Gosto da convivência . Aprendo . Sou agraciada pela bondade de amigos .


DESNUDO-ME!
Mercília Rodrigues


Rasgo-me! Exponho-me nua!

Complacente, a luz da lua

Banha-me de cor prateada,

Em estátua transmutada .

Não importa a porta aberta

Da alma que atrás se esconde

Meu corpo a lua acoberta.

A brisa me leva ao longe.

Fogem os medos, incertezas...

Sou a pura realeza luz!

Na noite do meu desmando,

Caem os véus desgastados

Que ainda me prendem, enroscados!

Exposta, vou desnudando...

Jogo os falsos pudores,

Enfrento o mundo que espelha.

Apago os tabus dos horrores!

Da vergonha não é hora.

Sou mais leve, sou centelha

Na noite que não demora!




CHORO DA TERRA
Mercília Rodrigues


Águas límpidas, borbolhões da serra,
Na vertente da pureza milenar,
Alma filtrada do choro da Terra,
Lavando pedras pra chegar ao mar!

Nesse pranto há tanta beleza
Das águas puras nascidas das fontes,
Lágrimas saídas de tal profundeza,
Pranteadas gotas dos olhos dos montes!

Com seu choro leva o renascer,
Limpidez bruta, do solo, vertida.
Arremessados prantos desse teu nascer,
Correnteza mansa, em rio, convertida.

Em suas margens telas coloridas,
Navegando, no remanso, velho canoeiro,
Passarada em festa no vigor da vida ...
Águas generosas regam o mundo inteiro !
 

***

NAS BORDAS...
Mercília Rodrigues


Nas bordas do meu caminho
nem sempre vi flores ou senti perfume
nos vales ensombrecidos em negrume
havia pedras e também espinhos!

Nas bordas do meu caminho
havia verde em descampados,
aves que teciam seus ninhos
às margem dos alagados!

Nas bordas do meu caminho
vi pedra virando flor,
anjos adornados de arminho,
regando o solo de amor!

Nas bordas do meu caminho
vi lágrimas petrificadas,
paradas em olhos frios
de almas tão mal amadas!

Nas bordas do meu caminho
tive a escola que escolhi...
Plantei rosas, colhi espinho,
mas foi assim que aprendi!


mercilia.rodrigues@terra.com.br.
 


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